Villa La Mediterranee / Stefano Boeri Architetti

Curadoria de ArchDaily

Arquitetos: Boeri Studio; Boeri Studio
Área: 8800 m²
Ano: 2013
Fotografias:Carlo Alberto Mari

"La Ville Mediterranee" é um grande edifício público que abriga pesquisa, documentação e projetos que se referem à condição contemporânea do mar Mediterrâneo. O edifício está localizado nos píeres do porto de Marselha, ao lado do museu da história do Mediterrâneo promovido pelo Estado francês em colaboração com a cidade, o MUCEM.

“La Villa Mediterranée” é um conceito transformado em arquitetura. A ideia é a de um espaço de pensamento e investigação que englobe o oceano a dentro.

Quando concebi a ideia, estava participando com um grupo: Multiplicity, em uma investigação das rotas dos migrantes ilegais no Mediterrâneo. Em 2002, com Multiplicity, trouxemos aos Documentos X em Kassel, a reconstrução de uma tragédia que ocorreu na costa da Sicília: um naufrágio no qual mais de 300 vidas de refugiados do Sri Lanka haviam sido perdidas pela indiferença das autoridades italianas, maltesas e líbias.

O título desta pesquisa foi "Solid Sea" (Oceano Sóldio). Queríamos denunciar a nova natureza do Mediterrâneo, que se tornara um oceano sólido, feito de trajetórias de rotas especializadas (migrantes, turistas, soldados, pescadores) rígidas como estradas que nunca se encontram.

Pelo desejo de contrastar esta deriva de fechamento e isolamento, nasceu a ideia de uma arquitetura nas margens do oceano, aberta aos fluxos que provém dele. Arquitetura capaz de encarnar um projeto ambicioso: reviver hoje (em virtude da crise europeia, do tumulto no norte da África e na dilaceração do Oriente Médio) as relações culturais e políticas entre as diversas margens e diferentes cidades do Mediterrâneo.

Buscou-se criar uma arquitetura que não dê suas costas ao mar, mas que o acolha em seu interior. O coração da "La Villa Mediterranee" é, de fato, uma grande praça que acolhe o oceano.

A praça de água está conectada a um píer no Mediterrâneo, este é o foco do projeto, o acesso ao mar sem criar uma piscina, ou elemento decorativo, mas desenvolvendo um espaço útil para a atracação e a navegação, jogos, festas, entretenimento, ou até comércio. Um novo espaço público, aberto e coberto para os cidadãos e visitantes de Marselha.

Esta é uma construção que combina as características da arquitetura pública e da infraestrutura em alto mar. Seus espaços passam através de uma estrutura mista de concreto e aço, e se articulam pela superposição de três níveis horizontais paralelos; dois dos quais se encontram por cima e por baixo do nível do mar.

De fato, o mar é o centro entre os dois nível paralelos: uma grande sala de exposições de 2.000 metros quadrados suspensa a 14 metros sobre a água, e um espaço para conferências e eventos teatrais de 2500 metros quadrados abaixo do nível da água. A presença da praça de água será percebida por todos os espaços do projeto.

Uma pele que alterna painéis de concreto protendido e tiras de vidro, rodeia todo o edifício a não ser nos lados verticais. É através das rachaduras transparentes desta pele que o grande submarino Ágora e a sala de exposições em balanço por cima da doca são mutuamente visíveis entre si pelos usuários do edifício.